terça-feira, 18 de novembro de 2014

As acções com quem as pratica, os sentimentos com quem os sofre

Existiu um passado eufórico e vai sempre existir um futuro pior. É por isso que é tão determinante a apologia do 'carpe diem', de forma a evitar que vivamos como se nunca fossemos morrer e morramos como se nunca tivéssemos vivido.

É. As pessoas surpreendem mesmo. O ser-humano quando quer é rude, egoísta e traidor. Talvez isso faça parte da sua natureza (perfeitamente imperfeita) mas que felizmente não afeta a todos. Essas surpresas são justamente quando nunca esperávamos que fossem acontecer, de quem nunca esperássemos que as fizessem. Apenas agora percebi o valor que acrescentaste e que tentei aproximar de mim o mais possível... Coloquei o orgulho de parte e em vão.

Agora, perdido no meio dos devaneios de uma madrugada em que não devia estar acordado e de palavras que não deviam ser escritas, jazes tu, mais uma pessoa que lamento que se tenha perdido no longo caminho que inspiro sempre os que estão em meu redor a fazer comigo: o caminho para a felicidade e para o sucesso. Vai...

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Resumo: Os tribunais Portugueses segundo a Constituição da República



TÍTULO V
Tribunais


Integrando os 5 órgãos de soberania da República Portuguesa, os Tribunais são indubitavelmente baluartes determinantes ao seu funcionamento.
Enquanto órgão máximo responsável pela regularização do poder judicial em todo o país, este está encabido de resolver todas as possíveis problemáticas e diferendos que envolvam os vários agentes (privados ou estatais). Assim sendo, a justiça e os tribunais da República Portuguesa são independentes de qualquer outro órgão executivo ou governativo.
Existindo tribunais que se encarregam de diferentes âmbitos (tais como o Administrativo, Judicial <ou comum>, Fiscal, de contas, Marítimo, Arbitral, de paz e Militares) convém não esquecer que o Tribunal Constitucional encontra-se independente de quaisquer órgãos judiciais (integrando o posterior Título VI) sendo que somente tem jurisdição na área da revisão de constitucionalidade ou inconstitucionalidade de certas matérias do Estado.
O Supremo Tribunal de Justiça é o órgão superior hierárquico da organização dos vários tribunais (segundo esta constituição) e subdivide-se em duas instâncias: primeira (tribunais de comarca) e segunda (tribunais da relação).
Por fim, o Conselho Superior de Magistratura (CSM) é o órgão responsável por regular todos os tribunais e respectivos juízes Portugueses.

Fonte: http://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublicaPortuguesa.aspx#art202

André S. dos Santos, Introdução à Ciência Política, 10/10/2014

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Sentimento

Permitam-me continuar.
Quero ouvir a melodia,
fugir à melancolia,
sentir cada ventania
e ver o sol com as nuvens a esbracejar.

Fecho os olhos.
Mas... está escuro,
e o tempo está frio.
Tudo está vazio.
Tudo é vazio.

Nuvens em Agosto...
Que chova, que chova tudo -
lavem-me a alma
e mudem-me de Mundo.

Sentir os sentidos; o sentimento...
tão pequeno mas tão grande.
Lágrimas; destino; sangue.
Para quê tanto sofrimento? 
 
Empobreçam-me,
roubem-me,
tirem-me tudo. 
Menos o que é puro:
o sentimento.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Síntese conclusiva: Desenvolvimento Rural Europeu em Portugal


Os tratados, pacotes, programas e medidas que foram implementadas desde o Pós-Produtivismo da Política Agrícola Comum foram um incontornável auxílio no progresso dos desenvolvimentos rural um pouco por toda a Europa. CARVALHO referiu na sua obra (2012: 9) que a aplicação desta política diferenciada nas suas iniciativas e destinatários deverá sedimentar uma ruralidade com mais dignidade e qualidade de vida a médio-longo prazo e contribuir para salvaguardar e valorizar recursos estratégicos do ‘mundo’ rural como o caso do património cultural.
A população Portuguesa, vivendo num país tradicionalmente rural e geograficamente pequeno, não pode viver deslocada e “refugiada” em espaços demasiadamente concentrados como as grandes cidades. Na minha opinião, concluo que a contínua verificação dessa realidade revela desbaratamento e esbanjamento de territórios silvícolas habitáveis que não só poderiam ajudar à produtividade como em simultâneo poderiam ajudar a prevenir e diminuir o grande flagelo das épocas altas no território Português: os incêndios florestais.
Aliado ao desenvolvimento de todos os meios que se verificaram até hoje e foram abordados neste trabalho, a noção de sustentabilidade surge com um carimbo de futuro baseado em práticas do passado, através da adopção de técnicas e posturas de salvaguarda ambiental, de preservação ou renovação de infra-estruturas com um aproveitamento extremo dos benefícios monetários provenientes dos pacotes comunitários. Fica patente que, tendo em conta o caso prático dos moinhos da Ribeira da Bouçã, com poucos recursos e de forma relativamente sustentável, é possível valorizar de forma extremamente positiva as rotas e lugares rurais.



in 'A sustentabilidade dos programas de desenvolvimento Rural: os pacotes comunitários e as suas aplicações internas', Geografia da Europa II, 2014, Universidade de Coimbra

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Surpresa

Os melhores momentos são os inesperados, onde, ausentes de expectativa positiva, nenhum dos intervenientes aguarda que algo aconteça. Os teus lábios, aquela chuva, aquele mar, aquele entrelaçar de mãos e aqueles grãos de areia gravados na nossa roupa foram as testemunhas da suprema felicidade, inquestionável como as provas de um «crime» perfeito que não colocava em sossego o meu coração. Tudo isso era tão teu e tão nosso.
Sim: foi fugaz e foi breve. Curto mas belo, como a própria vida. Porém, garanto-te que saboreei cada beijo, cada abraço teus como se fossem as últimas coisas a levar comigo do Universo.

Trarei este dia no meu coração, junto a todas as outras memórias tuas...

msc, doisdooitodedoismilequatorze

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Breve 'autopsicografia'

Não sou feliz correndo na incerteza de uma vida fugaz. Isto? É somente uma estrada em que a infinidade que transpira é apenas fogo de vista. Mais do que viver na apatia do presente, reflito acerca de um hipotético e representativamente desinteressante Futuro. Receio-o, assim como a ilusão. Apenas nele, no Futuro, se vislumbra uma luz, e é para ela que, ofegante e agastado, jamais desistirei de correr.
Sou, em simultâneo, uma criança que não brinca e um idoso que chora.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Síntese introdutória: Terrorismo desde anos 90

O conceito de terrorismo é explicativo por qualquer individualidade da nossa contemporaneidade  particularmente caso se trate de alguém que tenha vivido / presenciado os anos mais intensos do terrorismo no Mundo. Para isso, necessita-se que esse “alguém” saiba indicar os mais evidentes exemplos de terrorismo, particularmente os mais mediáticos desde os anos 90 até o tempo em que vivemos.
Pois bem, a forma mais correcta de caracterizar a palavra terrorismo é ir consultar os seus significados aos dicionários:

                ‘ Terrorismo:  1. Uso ou a ameaça de violência com o objetivo de atemorizar um povo e enfraquecer a sua resistência através do assassinato, bombardeio e sequestro. 2. Sistema governamental que impõe, por meio de terror, os processos administrativos e ideológicos sem respeito aos direitos e às regalias dos cidadãos. 3. Acto de violência contra um indivíduo ou uma comunidade.

Posto isto, a explicação que qualquer pessoa atribui a este fenómeno não é o seu conceito puro, mas, curiosamente, a definição pessoal e infundada que é o fruto dos testemunhos de uma série de acontecimentos vividos. A título exemplificativo: muitas pessoas no nosso Mundo irão definir ou relacionar imediatamente as palavras Terrorismo ou Atentados com as organizações terroristas mais mediáticas tais como “Al Qaeda”, “Hezbollah” as “Jihad” ou “ETA”... Na verdade e apesar de estas organizações terem sido responsáveis por alguns atentados, elas são apenas uma fracção da imensa panóplia que são todas as outras organizações terroristas espalhadas pelo Mundo e não apenas por uma fragmentada secção instável do Mundo como é o Médio Oriente. Além do mais, o terrorismo não se restringe aos actos que uma organização independente utiliza. É igualmente considerado terrorismo o exercitar da repressão e da retirada de direitos aos cidadãos pelos seus próprios governos! Conclui-se, portanto, alguns países da Europa incluindo Portugal já viveram num similar sistema interno de Terrorismo durante os seus respectivos anos de repressões, ditaduras e ditadores.


in 'Terrorismo Internacional (Anos 90 como impulso)', História do Tempo Presente, 2013, Universidade de Coimbra

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Ultimato ao Homem

Vivo na Terra. Mundo hipócrita, em que se exigem atitudes intrínsecas à humanidade que eu e todos os meus conterrâneos partilhamos. Sim sou humano. Mas... lá nada vês senão julgamentos, precipitações, pré-juízos. A toda a hora acontece, garanto. Vivo num lugar onde os seus habitantes destroem cada vez mais aquilo que lhes dá vida e matam os seus progenitores. Raiva e nojo imperam. Naquele lugar e em mim, logicamente por divergentes motivos.
Se isso não bastasse, em boa verdade todos julgam viver num "paraíso", lugar único e singular em todo o Universo. Lá todos são completos e dotados da maior e inimaginária perfeição. Deixo um resumo:

"Quem sou eu?
BRANCO! - diz o negro:
ATEU! - afirma o padre;
XENÓFOBO - aponta o judeu"

Não há consenso nesse planeta, em que todos deveriam ser aceites diferentes e na realidade todos pretendem ser iguais. A causa disto? Eu respondo: Dinheiro/Riquezas.
Esses são os bens mais valiosos do meu Planeta. Todo o tipo de afectos, sentimentos e bom senso que deveriam imperar na nossa raça são 'atropelados' quando confrontados com ele.
Sublinho que a minha espécie tem o dom da inteligência mas, pelo que concluo, não a usa para o que ela é suposto ser utilizada.

Porque estou a criticar se faço parte deste sistema? Porque apesar de apoiar a raça que me acolhe sei constatar os seus defeitos e critico-a com a finalidade de adoptar uma causa, um ideal totalmente diferente e que deveria existir no meu Planeta. Ele precisa da mudança.
De facto sou um simples jovem, aparentemente igual a biliões similares a mim. Aparentemente. Sou diferente em não pretender ver cada Humano e cada alma para seu lado, privados de tudo e todos. Sou o ser-humano que pede para que todos naquele meu planeta acordem, uma vez que nada nem ninguém no Universo é imaculado e vós, sejais a entidade que forem, o sabem: todos os amigos, todos os familiares e todos os homens e mulheres neste espaço... todos erram. E exigir por não errar é fazer um pedido d'uma utópica sobre-humanidade, inalcançável e irrealizável no meu Mundo e quiçá em todo o Universo.
Desejava que a minha raça acabasse com todo esse tipo de 'baixezas' que tem feito desde os seus primórdios. Anseio que ela acorde desse tão profundo limbo, de onde não parece despertar, caminhando a passos largos para a autodestruição. Sonho com o fim do ódio, de guerras e da inveja que a cada situação e no dia a dia envenena aquele tão belo planeta. Quero que vivam, quero que cultivem o bem estar de toda a minha civilização e que promovam o direito (e dever) a usufruir da dádiva que todos naquele local possuem: a Vida.

"Tudo o que não nos une apenas nos separa"
                                                                                                                             08/13

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Resignação

Resigno-me.
De uma Vida nada vivida,
de uma busca incessante
por uma inalcançável felicidade
e de onde a lucidez
é madrasta, de hora a hora.

Resigno-me.
Do Mundo que atraiçoa,
das pessoas que magoam
e traem, sem cessar.

Resigno-me.
De uma utopia,
de uma mentira,
"o verdadeiro amor"
que dizem existir...

Resigno-me,
e aqui me resignarei.
Sairei só, de mãos dadas
com o vento.

Resigno-me
Desisto sem começar.
Porque ainda sou tão jovem!
E já tão triste...

E já tão só.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Nas tuas mãos

Inspira-te; escreve; imprime; exprime
Tens todo o poder,
Pertence-te.
Mas exercita-o: o teu dom.

Encontra-se na ponta da caneta,
e na tinta, que dela sai...
Mas está-te no intelecto.
As tuas mãos seguram o Mundo,
E os teus dedos mudam-no.

domingo, 9 de junho de 2013

Amor para um Jovem

Sei que me julgas. És humano. É a nossa natureza fazê-lo, evitas negar, fazes-lo. Para já antecipo o final e sei que pensarás e dirás mil e uma coisas para me denegrir, criticar. Dirás, entre elas, o facto de eu ser todavia apenas um rapaz de 19 anos. Julgarás que sou jovem demais para saber o que é o Amor no seu todo. Dirás que não sei do que falo.
Sem olhar a mais concordaria contigo. Mas te responderia que sei o que é esse sentimento. Sei a sua génese, e toda a sua actuação. Compreendo-o, não na sua totalidade, mas sei identificá-lo onde e em quem quer que ele esteja presente.
Mas porque falarás se também tu não sabes? Eu sei que questionas-te constantemente sobre o básico: "mas... o que é isso? Qual é o seu real propósito? Porque raio foi existir?"

Numa primeira fase digo-te que não sobreviveríamos sem obtermos o primeiro tipo de carinho da vida de um ser-humano: o Amor materno ou inclusivamente o Amor familiar (que posteriormente receberíamos ao crescer). Acredita: não seríamos o mesmo jovem se não vivêssemos o primeiro beijo juntamente com a primeira "paixão". O Amor é isso mesmo, Amor. É um invariável misto de sentimentos de entrega, compreensão e afecto. Para quem ama de verdade não tenhas a mínima dúvida de que é algo sério, importante e por vezes doentio.
Perguntar-me-ás, naturalmente, porque razão então se menciona tantas vezes o Amor 'cruel' que magoa e mata. Eu eu responder-te-ei que esse tipo de sentimento será tudo, menos Amor.
Afirmarás um dia, (se já não o fizeste) que o amor é injusto. Pois bem, se ele te é ingrato talvez seja porque tu erraste... pois escolheste confiar o teu coração à pessoa errada ou, porventura, não estiveste certo do que sentias. Nunca o mistures com nenhum outro sentimento, pois ele fará questão de aplicar-te as consequências, graves por sinal.
Pois meu caro, se te encontras na dúvida sobre a falta justiça do Universo tenho a dizer-te que não és o único, e também aqui o Amor tem de fazer a sua mea culpa: eu próprio questiono a toda a hora e momento as coisas que acontecem no dia-a-dia. Numa grande porção delas faz transparecer isso mesmo, de que tudo não faz o menor sentido. Mas ... porquê?
Meu querido, o Amor é assim. Não dá para compreender, é um sentimento. Os sentimentos sentem-se, e ao quereres transformá-lo em algo intelectualmente compreensível só estarás a corrompê-lo e a retirar de si a simplicidade que o caracteriza, que o faz tão único e tão diferente de todos os outros.
Seria sincero da minha parte contar-te que já sofri mas também já magoei. Sim, apesar de sofrer mais que magoar também eu já amei e já fui amado. Nunca te podes deixar ficar refém do Amor pois ele não te perdoará!
Sou jovem e tu também. Ânimo! Ambos temos um caminho para trilhar, um caminho onde nos acompanhará uma pessoa que temos para conhecer algures nesse Mundo, pessoa essa que nos fará sentir felizes e acarinhados para o resto dos nossos dias. É tudo uma questão de crença e, para mim, isso é a última coisa que pode morrer em alguém.

Recorda tudo o que eu te disse e encara o futuro. Mas tens um presente para viver, vive-o! E não tentes compreender o Amor, limita-te a senti-lo. Porque o Amor é isso mesmo. Amor, apenas.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Discurso/Opinião - Império Cultural Português

(Dirijo-me e congratulo a plateia)

O povo Português, o nosso povo.
Somos famosos por valores de humildade, respeito, solidariedade e recepção. Fazemo-lo por instinto, fazemo-lo por experiências enquanto colectivo, característicos de um povo virado desde as suas raízes para a emigração. Estas características já fazem parte do nosso 'ADN' enquanto grupo. Contudo, tudo isto vê-se ameaçado por um único fenómeno prejudicial: o excessivo individualismo.
O ideais de colectividade e afectividade dos Portugueses é, por um lado, algo importante e característico. Por oposição, o Mundo caminha e adopta um diferente sentido, liderados pelos poderosos países do Ocidente. A título exemplificativo refira-se o desastroso episódio ocorrido na central nuclear de Fukoshima, no Japão, onde o povo Japonês agiu e se debateu colectivamente e de uma forma ordeira, em prol do colectivo.
Questiono-me: seriam os países Ocidentais e ditos "avançados" (incluindo Portugal) capazes de reagir de igual forma perante as mesmas circunstâncias adversas? Não, garantidamente.
Os ideais liberalistas, na sua generalidade e ao longo das décadas em que vem proliferando, têm-se manifestado positivos em diversas perspectivas, tais como Socialmente ou Politicamente. Porém, recentemente, esta tese tem sido posta em causa devido às graves circunstâncias económicas mundiais. Posso afirmar que o Liberalismo está a sofrer a outra "face da moeda", a face negativa deste ideal político.
Portugal não é excepção e arrisca-se a perder grande parte da sua identidade tradicional, aquilo a que denomino de "soberania cultural" para o Liberalismo e ideais individualistas e daqueles que olham apenas para o seu umbigo, cópias químicas das gigantes sociedades capitalistas.
Em suma, concluo e afirmo que o individualismo está a corromper a tradição e bons costumes caracterizadores do Povo Português, que se vêem substituídos por ideais de atropelo da sociedade Portuguesa que já existiu e da qual ainda existem vestígios em prol de uma supremacia individual. Será este um 'mal necessário'?

(agradeço e retiro-me)

segunda-feira, 25 de março de 2013

Diário do Viajante (1)

Parei. O bilhete já o tenho no bolso, a estação está praticamente vazia apenas se escutando o murmurar do vento e das folhas que ele consigo levava. De súbito, ouve-se:
- "O comboio Intercidades com destino a Coimbra chegará dentro de segundos"
Lentamente, ergui-me do banco onde me sentara. Chegou a hora de despedir-me, de agradecer toda a hospitalidade que aqueles fantásticos seres tiveram para comigo. Proporcionaram-me 4 dos melhores dias da minha vida, mesmo, no fundo, não tendo sido nada de relevante para elas.
O comboio parou, desloquei-me até à porta... Respirei bem fundo e subi os degraus daquele comboio.
Voltei-me e mirei pela última vez aquela paisagem. Fantástica, verdade? É. E eu sabia que iria ter saudades de estar novamente naquele local.
Despedi-me pela última vez, acenei e o comboio andou. Ali ficara um pouco de mim...

Acomodei-me e por segundos observei a paisagem. Tive tempo suficiente para pensar e escrever aquilo que me ia na alma. E assim o fiz, para mais tarde enviar:

" Cá estou eu de volta à terrinha são e salvo e já com saudades tuas. Gostei bastante destes 4 dias, todas as pessoas foram fantásticas.
No próximo Verão espero que arranjes uns dias do teu "ocupadérrimo" calendário para outro bocadinho comigo. Um obrigado a ti à Luisa e à dona Paula por tudo, gostei mesmo!

Adoro-te, tu sabes... "

Neste momento espero regressar e matar todas as saudades que, de resto, já sinto novamente...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Juntos

Estava na altura de criar novas pegadas na areia. Iam em frente … em direção ao futuro … pois seria lá que encontraria novos sentimentos, novas experiências e, acima de tudo, novas pessoas.
Ao longe, observava as pegadas marcadas na areia, tal como as memórias que ficaram escritas no fundo do meu ser. Mas, à medida que caminhava, a água acabava por cobri-las, desvanece-las. Via essa marca a desaparecer no longo caminho na areia que tinha construído.
Ao meu lado, surgiam novas pegadas na areia, com um caminho tão diferente mas simultâneamente tão idêntico. Mas... porque raio se cruzariam? Seria destino? Coincidência? Só os deuses o saberão…
Via que caminhávamos na mesma direção, com o mesmo destino: caminhávamos rumo a um barco que nos aguardava no horizonte perdido. Barco aquele que só entraríamos se ambos tivessemos força para remar.
Iríamos navegar por águas desconhecidas e nunca iríamos desistir daquilo que mereciamos: a felicidade!
A certa altura senti-me fraquejar. Como que ficar sem fôlego. Na verdade não consegui dar nem mais um passo e caí desamparada na areia, sem que nada nem ninguém me segurassem. Do outro lado ouvi uma voz indignada mas ao mesmo tempo angelical, que me disse:
- “Nem penses que espero por ti. Se queres desistir e olhar para as pegadas que foram o presente mas agora são apenas passado, força! Entrarei no barco sozinho, sem hesitar! Nem penses que espero ou caminho ao lado de quem é fraco ao ponto de desistir tão facilmente, porque eu vou à procura daquilo que necessito para ser feliz: e nada me irá parar. Não tenho medo do desconhecido, porque acabei de sair do abismo e estou mais forte que nunca! Estás disposta a morrer na praia?? Eu não"
Não me senti com forças para responder. Foi aí que senti que ele me agarrara e me arrastara consigo. Chegámos bem perto do pequeno batel e foi aí que ele me questionou:

- "Está na hora da decisão… saltas ou ficas??"
Ele mexeu com o meu orgulho. Mas eu não consegui, algo do outro Mundo me prendia. Estava imóvel...
Ele nem hesitou: saiu, remou contra a forte maré e em minutos desapareceu na neblina...


Parei, sentei-me na areia.
Fiz uma escolha. Colhi um erro. O erro de não ter embarcado. O erro de querer continuar as malditas pegadas já construídas.
O caminho foi curto mas muito intenso, como nunca tinha sido. Mas eu não me esquecia do barco que tinha abandonado, a nova rota a seguir, aquela que, onde alguém que me aguardava na outra costa, teria que rezar ao horizonte para que este barco chegasse, este barco que me ajudaria a fazer a transição da ilha sonhadora que havia construído, para a ilha da verdadeira realidade.
Ainda continuo a andar perdida naquilo que escolhi: continuar as pegadas da nossa vida. Mas não consigo continuar a delinear na areia o esboço do meu ser, enquanto o teu desaparece pouco a pouco com o seguir da caminhada…
Parei. Contemplei a minha história, a nossa história. O meu caminho era firme e seguro, sempre numa direcção. O teu? Já se havia desvanecido à muito pois um amor só resiste, se forem os dois a amar incondicionalmente…

E ele? Aquele ser fantástico?
O que será feito? Terá ele sobrevivido? Estará ele bem, feliz e realizado por ter decidido sair desta ilha e enfrentado tudo, sozinho? Terá sido essa a sua melhor opção?
Pois ele... continuaria à deriva. Derivando lentamente até à morte: o barco jamais chegaria a terra firme, a raspar num qualquer grão de areia. Restou apenas uma vastidão de mar aliada a uma imensidão de nada. O arquipélago em que nós estávamos era demasiado isolado, demasiado complexo para qualquer outro dos mortais se aproximarem. Excepto eu e ele... Nós.
Ele acabou por falecer em viagem, completamente desnutrido. Morreu, pois estava sozinho. A viagem era longa demais e no fundo ele sabia-o: não ia conseguir fazê-la sem companhia, sem a mão que ele outrora pediu que o acompanhasse, a minha mão. Assim a história se desfez, tal como o amor: tão diferente, tão igual.


André Simões dos Santos e Inês Tomé - 2012/2013